Queridos amigos!
No último dia 28/03, na Maison de
la Culture du Plateau Mont-Royal, aconteceu o terceiro ensaio aberto do
processo de criação do espetáculo Conto sobre mim (Contes sur moi). Para nossa
imensa alegria, a casa estava lotada!!! E, mais alegria ainda, muitos
deles eram brasileiros, de vários cantos: São Paulo, Natal, Bahia...
Apresentamos quatro dos cinco
contos do espetáculo: Ofélia Rodrigues e Cuisse de Mouche, ambos de
Julie Vincent, e Selva e Lixo, de autoria de João Anzanello Carrascoza. Agora
falta acrescentar o conto Dorian Gray, de Julie Vincent.
Após a apresentação teve um
bate-papo com a plateia. Mais ou menos 50 pessoas ficaram para
conversar com a gente. E os comentários foram bem interessantes, instigantes
mesmo, de dar vontade de partir para a sala de ensaio e experimentar as
propostas, aprofundar o que ainda não tá claro, etc... Cada vez mais temos a
certeza que a prática de abrir ensaios de processos e, depois, conversar com o
público, só nos ajuda a melhorar, crescer dentro da pesquisa e, também, ter
mais claro para nós mesmos algumas certezas e escolhas que não mudarão rsrs. Se
é no contato com o público que o teatro acontece, então que ele participe cada
vez mais do processo de criação do espetáculo. Ainda mais para nós, que temos
como um dos pontos principais de pesquisa a relação direta com o público. Isso
tudo nos enriquece, sem dúvida!!!
Na próxima semana voltaremos à
sala de ensaio, agora no Théâtre Aux Écuries. Ficaremos lá durante três semanas
intensas para finalização do espetáculo. Então, que venha a Residência
Artística no Théâtre Aux Écuries!!!
A primavera já chegou faz mais de
uma semana, mas ainda a neve persiste. É certo que começamos a ouvir o canto
dos pássaros que começam a voltar. A temperatura sobe aos poucos (agora faz 3
graus positivos), mas olhando lá fora a neve persiste... “Ah! Comme la neige a
neigé!” (Ah! Como a neve nevou!) Abaixo o poema Soir d'hiver, de Émile
Nelligan, de onde tiramos o verso acima:
Soir d'hiver
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah! comme la neige a neigé!
Qu'est-ce que le spasme de vivre
A la douleur que j'ai, que j'ai!
Tous les étangs gisent gelés,
Mon âme est noire: Où vis-je? où vais-je?
Tous ses espoirs gisent gelés:
Je suis la nouvelle Norvège
D'où les blonds ciels s'en sont allés.
Pleurez, oiseaux de février,
Au sinistre frisson des choses,
Pleurez, oiseaux de février,
Pleurez mes pleurs, pleurez mes roses,
Aux branches du genévrier.
Ah! comme la neige a neigé!
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah! comme la neige a neigé!
Qu'est-ce que le spasme de vivre
A tout l'ennui que j'ai, que j'ai!...
Tradução de Álvaro Faleiros
Noite de inverno
Veja! Como a neve nevou!
Veja! Como a neve nevou!
O que é o espasmo de estar vivo
À dor! Nela eu vou, nela eu vou!
Os lagos jazem em seus gelos
Minh’alma é negra: onde trafego
Esperas jazem em seus gelos
Sou essa nova Noruega
Partida dos céus amarelos
Chorem, pardais de fevereiro,
Ao sinistro frisson das coisas,
Chorem, pardais de fevereiro,
Chorem meus choros e minhas rosas,
Chorem nos galhos do meu cedro.
Veja! Como a neve nevou!
Jardins de gelo no meu vidro
Veja! Como a neve nevou!
O que é o espasmo de estar vivo
Ao
tédio! Nele eu vou, eu vou!
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