segunda-feira, 31 de março de 2014

Terceiro ensaio aberto de Conto sobre mim (Contes sur moi)

Queridos amigos!

No último dia 28/03, na Maison de la Culture du Plateau Mont-Royal, aconteceu o terceiro ensaio aberto do processo de criação do espetáculo Conto sobre mim (Contes sur moi). Para nossa imensa alegria, a casa estava lotada!!! E, mais alegria ainda, muitos deles eram brasileiros, de vários cantos: São Paulo, Natal, Bahia...

Apresentamos quatro dos cinco contos do espetáculo: Ofélia Rodrigues e Cuisse de Mouche, ambos de Julie Vincent, e Selva e Lixo, de autoria de João Anzanello Carrascoza. Agora falta acrescentar o conto Dorian Gray, de Julie Vincent.

Após a apresentação teve um bate-papo com a plateia. Mais ou menos 50 pessoas ficaram para conversar com a gente. E os comentários foram bem interessantes, instigantes mesmo, de dar vontade de partir para a sala de ensaio e experimentar as propostas, aprofundar o que ainda não tá claro, etc... Cada vez mais temos a certeza que a prática de abrir ensaios de processos e, depois, conversar com o público, só nos ajuda a melhorar, crescer dentro da pesquisa e, também, ter mais claro para nós mesmos algumas certezas e escolhas que não mudarão rsrs. Se é no contato com o público que o teatro acontece, então que ele participe cada vez mais do processo de criação do espetáculo. Ainda mais para nós, que temos como um dos pontos principais de pesquisa a relação direta com o público. Isso tudo nos enriquece, sem dúvida!!!

Na próxima semana voltaremos à sala de ensaio, agora no Théâtre Aux Écuries. Ficaremos lá durante três semanas intensas para finalização do espetáculo. Então, que venha a Residência Artística no Théâtre Aux Écuries!!!

A primavera já chegou faz mais de uma semana, mas ainda a neve persiste. É certo que começamos a ouvir o canto dos pássaros que começam a voltar. A temperatura sobe aos poucos (agora faz 3 graus positivos), mas olhando lá fora a neve persiste... “Ah! Comme la neige a neigé!” (Ah! Como a neve nevou!) Abaixo o poema Soir d'hiver, de Émile Nelligan, de onde tiramos o verso acima:

Soir d'hiver

Ah! comme la neige a neigé!
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah! comme la neige a neigé!
Qu'est-ce que le spasme de vivre
A la douleur que j'ai, que j'ai!
Tous les étangs gisent gelés,
Mon âme est noire: Où vis-je? où vais-je?
Tous ses espoirs gisent gelés:
Je suis la nouvelle Norvège
D'où les blonds ciels s'en sont allés.
Pleurez, oiseaux de février,
Au sinistre frisson des choses,
Pleurez, oiseaux de février,
Pleurez mes pleurs, pleurez mes roses,
Aux branches du genévrier.
Ah! comme la neige a neigé!
Ma vitre est un jardin de givre.
Ah! comme la neige a neigé!
Qu'est-ce que le spasme de vivre
A tout l'ennui que j'ai, que j'ai!...

Tradução de Álvaro Faleiros

Noite de inverno

Veja! Como a neve nevou!
Jardins de gelo no meu vidro
Veja! Como a neve nevou!
O que é o espasmo de estar vivo
À dor! Nela eu vou, nela eu vou!

Os lagos jazem em seus gelos
Minh’alma é negra: onde trafego
Esperas jazem em seus gelos
Sou essa nova Noruega
Partida dos céus amarelos

Chorem, pardais de fevereiro,
Ao sinistro frisson das coisas,
Chorem, pardais de fevereiro,
Chorem meus choros e minhas rosas,
Chorem nos galhos do meu cedro.

Veja! Como a neve nevou!
Jardins de gelo no meu vidro
Veja! Como a neve nevou!
O que é o espasmo de estar vivo
Ao tédio! Nele eu vou, eu vou! 


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