domingo, 23 de janeiro de 2011

Philippe Goudard


Os ensaios do Teatro da Travessia tem aquecido nossos corpos e corações no rigoroso inverno da França. Lá fora, as vezes, a temperatura chega à 2º C, mas dentro da sala de ensaio a gente segue criando, criando. Cenas, reflexões, erros e acertos, tudo sob o olhar atento e sensível do nosso diretor Philippe  Goudard. Segue aqui um pouco mais sobre a trajetória profissional do Philippe até aqui.

Philippe Goudard é Doutor em Estudos Teatrais por meio de uma tese que reuniu suas pesquisas científicas e estéticas sob o título Artes do circo, artes do risco: impermanência e desequilíbrio dentro e fora da pista, sob orientação de Gérard Lieber na Université Montpellier III, ele leciona no Conservatoire d’Art Dramatique (Conservatório de Artes Dramáticas) de Montpellier, sendo docente de improvisação e jogos clownescos, e colabora com o Departamento de Artes e Espetáculos da Universités Louis Lumière em Lyon. Atualmente é docente, pesquisador e mestre de conferências no departamento de Artes do Espetáculo (seção Teatro / Espetáculo vivo) e pesquisador no núcleo RIRRA 21 (EA 4209) da Université Paul-Valéry em Montpellier (França).

Entre 1988 e 1992 foi professor na École Supérieure des Arts du Cirque (Escola Superior de Artes do Circo - Châlons-en-Champagne, França), e é especialista encarregado no Ministério Francês da Cultura e Comunicação. Seu trabalho de análise da pista circense é frequentemente acolhido por diversas revistas especializadas (Circostradda, Les Arts de la Piste, Autrement, Cinésiologie, Études Théâtrales...), tendo fundado, juntamente com Maripaule B., a coleção Écrits sur le Sable e a série Canevas.

Foi também com a atriz e pesquisadora que, ao terminar seus estudos médicos (Doutorado em prevenção de patologias no circo), apresentou-se como clown por diversos países do mundo, entre 1975 e 2006, com seis espetáculos do duo Motusse & Paillasse. Foi ao seu lado ainda que desenvolveu, dentro da tradição clownesca modernizada, um repertório e uma aproximação contemporâneos ao jogo burlesco e ao circo. Assim, tendo encontrado no circo o teatro que procurava, ele escreveu, interpretou e dirigiu, com Maripaule, em torno de 30 criações de circo contemporâneo, dentro de uma companhia criada em 1973 e exclusivamente consagrada à pesquisa a partir de 1980 (Artistas associados para a pesquisa e inovação no circo, Circo de arte e de experimentação©). Foi o administrador, encarregado da produção e da difusão da Companhia Maripaule B. e Philippe Goudard, ligada ao Ministério da Cultura entre 1973 e 2006; bem como o primeiro administrador de Artes do Circo na Sociedade dos Autores e Compositores Dramáticos, entre 2001 e 2006.

Após ter começado seus estudos na máscara da Commedia dell’arte, criou, em 1973, seu primeiro espetáculo Abel e Caim, um mistério moderno e itinerante com 36 horas de duração nas montanhas de Sainte Baume, no sul da França. Motusse & Paillasse, Clowns (Palhaços), Le Cirque Univers (O Circo Universo), Le Cirque Intérieur (O Circo Interior), Route de Nuit (Estrada da Noite), Empreinte (Pegada), Cirque Nu (Circo Nu), Close Up–Cirque pas comme il faut (Close-up – O circo como não deveria ser), À corps et à cris (De corpos e gritos), Anatomie d’un clown (Anatomia de um clown), são as obras mais marcantes de seu percurso.

No teatro, foi na França, sob a direção de Alain Timar, Yves Gourmelon, Gao Xingjian e Jacques Nichet, que interpretou diversos papéis contemporâneos e clássicos. Mantém periodicamente colaboração com Gao Xingjian, depois de ter atuado em Au bord de la Vie (À margem da vida), em 1993, e em Dialoguer-Interloquer (Dialogar-Ser Interlocutor), de1999; além disso foi seu assistente na Itália na direção de Al margine della vita.

Médico especializado em emergências e autor de uma das primeiras teses da área sobre o circo (sob orientação de Michel Boura e Philippe Perrin - Nancy I), ele inaugurou, em 1988, e depois dirigiu, o Departamento Médico do Centro Nacional de Artes do Circo (Châlons-en-Champagne, França). Fundou, em 1992, a Sociedade Francesa de Medicina do Circo que divulga, junto aos profissionais da Saúde e da Arte, na França e no mundo, a necessidade de uma medicina específica ao praticante das Artes do Circo (parcerias com: Entretiens de Bichat, Med’Art International, Institut National des Sports et de l’Éducation Physique, Centre Médical de la Bourse,...)

A face grotesca do amor

O Teatro da Travessia começa a definir os rumos para a construção de seu novo espetáculo ao iniciar uma investigação acerca do amor, no intuito de desvelar os estereótipos e os sentimentos contrários que a ele estão vinculados, lançando sobre o tema um olhar crítico e bem-humorado. A escolha por trabalhar os procedimentos envolvidos nas linguagens grotesca e clownesca tem a intenção de revelar os aspectos que habitualmente não são considerados ou pensados em uma primeira aproximação da temática amorosa.

À partir do grotesco, linguagem e temática se reúnem; extremos como liberdade e posse, calma e cólera, leveza e peso, mostram-se convivendo e se alternando ao longo das relações. Já por meio de princípios clownescos, retrata-se o amor sobre a ótica de quem reconhece que pode e vai fracassar, mas não vai desistir, sob a percepção daquele que está disposto a descobrir diversas maneiras de cometer o mesmo erro - é esta imperfeição que dá a dimensão humana e não divina do amor.

A opção pela construção em companhia do público vem da percepção de que este sentimento é universal e pode dialogar com todos, independente de terem vivido o amor em sua plenitude, ou de trazê-lo dentro de si ainda como material bruto.

Vamos ver no que isso vai dar...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

TEMPOS MODERNOS - CHARLIE CHAPLIN


Tempos Modernos - 1936

Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.

Tempos Modernos é um filme de 1936 do cineasta britânico Charles Chaplin, em que o seu famoso personagem "O Vagabundo" tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado. Com Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman Chester Conklin, entre outros

CHAPLIN, um dos maiores mitos do cinema critica a sociedade capitalista em Tempos Modernos, que é o retrato da sociedade que começava a se desenhar na Europa do século XVIII... leia mais

O GAROTO - CHARLIE CHAPLIN


O Garoto - 1921

O filme conta a história de um bebê que é abandonado pela mãe que não tem condições de criá-lo e que é encontrado e criado pelo vagabundo. Conforme os anos se passam, o garoto e o vagabundo se tornam uma dupla perfeita, bolando diferentes esquemas para conseguir o dinheiro para seu sustento.
Curiosidades

Uma das cenas mais tocantes do filme se dá quando o vagabundo tenta impedir dois agentes de levarem o garoto, já que o personagem de Chaplin não é seu tutor legal.
Alguns atribuem o fato de o filme revelar uma sensibilidade extra na relação entre o vagabundo e o garoto ao fato de o filho recém-nascido de Chaplin ter morrido no começo das gravações.
Jackie Coogan se tornou uma das primeiras personalidades infantis da história, recebendo honras de príncipes, presidentes e do próprio papa durante sua turnê pela Europa.

O filme também é considerado um dos primeiros longa-metragens que realmente misturaram comédia e drama, como a sua abertura já previa: "Um filme com um sorriso, e talvez uma lágrima..."
A trilha sonora de O Garoto foi apenas composta em 1971, pelo próprio Charles Chaplin, e inserida em uma nova versão do filme.

O orçamento de O Garoto foi de US$ 250 mil, sendo que o filme arrecadou US$ 2,5 milhões apenas nas bilheterias norte-americanas.
Mais informações sobre Charlie Chaplin aqui

O CIRCO - CHARLIE CHAPLIN

Amigos,

Estamos estudando cada dia mais as linguagens clownwsca e burlesca. Na verticalização dos estudos é necessário traduzir os trechos que mais nos interessam dentro da bibliografia proposta por Goudard. Adotamos o procedimento de nos dividir em grupos para preparar as traduções. Em seguida, nós realizamos uma espécie de seminário apresentando o trecho da obra já traduzido, a partir do qual discutimos acerca do conteúdo. Tem sido um trabalho árduo, mas extremamente satisfatório no sentido de aprofundar os estudos da linguagem proposta e também da língua francesa.

Nós também começamos a ver os filmes indicados por nosso orientador. Começamos pelo Chaplin. E neste momento nosso trabalho se transforma em puro riso. E sincera admiração.

Vamos postar no nosso blog trechos e informações sobre cada um dos filmes. E fica também como dica para uma sessão de cinema em casa. Vale a pena.

Hoje: O Circo - 1928


Este é um dos filmes menos celebrados de Chaplin, mas que por causa dele ganhou um Oscar ("por sua versatilidade e genialidade em escrever, dirigir, interpretar e produzir"), o único de sua carreira até o especial pelo conjunto da obra, quando já ancião.

Talvez seja menos querido por lhe faltar uma premissa mais original, como em "Tempos Modernos" ou "O Grande Ditador". Mas este, seu último filme da época do cinema mudo (ele continuaria fazendo filmes sem diálogos por opção), é um perfeito exemplo de sua técnica, misturando riso e lágrimas e com momentos de extremo brilhantismo, como a destruição do número de mágica e a luta com os macaquinhos na corda bamba.

A leveza do filme esconde o fato de que ficou em produção durante anos, com inúmeros problemas (até mesmo uma tempestade que destruiu totalmente o cenário do circo); Chaplin parece ter ficado traumatizado com a experiência, pois sequer cita o filme em sua nada sucinta autobiografia.

FILMOGRAFIA

Amigos,

Para povoar o nosso imaginário com belas imagens, excelentes roteiros e personagens inesquecíveis relacionados ao universo de nossa pesquisa, o Goudard nos passou também uma primeira lista com indicações de filmes. São obras-primas, que vão desde documentários inéditos no Brasil até os grandes classicos como os imperdíveis "O garoto" e "Tempos Modernos", do Chaplin. Espero que gostem das dicas. Divirtam-se.

Filmes de Charles Chaplin:

• The Essanay and Mutual Comedies – Collection Cinéma Muet. 6 volumes: 1915-1917
• Limelight( Les feux de la rampe)-mk2 éditions : 1952.
• Les Temps Modernes- Les maîtres du comique/Hachette: 1936.
• The Kid-mk2 éditions : 1921.
• The Circus (Le Cirque) -mk2 éditions : 1928.
• The Great Dictator (Le dictateur) - mk2 éditions : 1940.
• The Gold Rush ( La ruée vers lór) - mk2 éditions : 1925.

Outros Filmes:

• Le Mégano de la General ( Buster Keaton)-mk2 éditions: 1026.
• Les Enfants Du Paradis (Um Film de Marcel Carné)- Pathé Classique: 1943.
• Tout Buffo- Théâtre du Rond – Point (Spetacle de et avec Howard Butten). Collection Copat: 2005.
• Numéro (s) Neuf (s)-Production Executive et Image Laetitia Lambert, Realisation Jean- Michel Ropers.: 2004.
• Le Nuancier Du Cirque- de Jean Michel Guy et Julien Rosemberg . Scéren. Hors les murs: 2010.
• Images de la création hors les murs. Esthétiques du cirque contemporain.Stradda. Hors les murs: 2007.

Espetáculos de Philippe Goudard:

• Mairipaule B. & Philippe Goudard sont Motusse Pailasse Clowns. Compagnie Maripaule B. et Philippe Goudard. Artistes Associes pour la Recherche et l’Innovation au Cirque: 1985.
• Transversal Vagabond. Compagnie Maripaule B. et Philippe Goudard. Artistes Associes pour la Recherche et l’Innovation au Cirque: 2006/2007.
• Des Hauts et des Bas. Solo burlesque de Philippe Goudard et Alexandra Ancel Création: 2008.

BIBLIOGRAFIA

Bom dia amigos,

Bem, já em nossa primeira semana aqui na França, após alguns encontros com o Goudard, temos uma primeira indicação bibliográfica dada por ele. Nós a dividimos com vocês, pois se trata de uma leitura indispensável para quem se interessa pelo universo clownesco e burlesco.

BOURGY (V.), Le bouffon sur la scène anglaise au 16e siècle: c.1495-1594, Lille, Presses universitaires, 1969, 475p.

REMY (T.),Les entrées clownesques, Paris, L'Arche, 1962. 285 p.

REMY (T.),Les Clowns, Paris, Grasset, 1945 . nouvelle édition 2002. 485 p.

SIMON (Alfred.), La planète des clowns, Lyon, La manufacture, 1988, 318 p.

LEVY (PR), La comédie clownesque

MAISON POUR TOUS

Fotos e notícias sobre a maison pour tous e nossas apresentações lá em abril

TEATRO LA VIGNETTE

Fotos do teatro onde faremos apresentações de Dias Raros em MAIO

RENCONTRER JEAN-MARIE APOSTOLIDÈS



Journée d'études

No dia 09 de dezembro de 2010, nós, do Teatro da Travessia, participamos de um encontro realizado dentro de uma extensa programação anual apresentada por "Le groupe de recherche [RIRRA 21] EA 4209", de l'Université Paul Valéry Montpellier III - Département Arts du spetacle Section Théâtre.

Neste dia, o encontro foi com Jean-Marie Apostolidès, autor dos livros "Le Roi Machine, Minuit, 1981" e "Le Prince sacrifié, Minuit, 1985", duas publicações que renovaram em seu tempo a abordagem do Teatro do Século XVII. Apostolidès é um teórico / prático do teatro; e é professor na Universidade de Stanford, na Califórnia. O encontro foi realizado sob o tema "Por que (e como) o século XVII interfere no teatro de hoje?"





AS PRIMEIRAS REUNIÕES

Imagens e testos sobre nossass primeiras reuniões na França

TEATRO DA TRAVESSIA DESEMBARCA NA FRANÇA

Imagens e textos de nossa primeira semana na França

OS PREPARATIVOS NO BRASIL

Imagens das pesquisas realizadas ainda no Brasil

TRAVESSIA RUMO A FRANÇA - TRADUÇÃO

Em 2010, o Teatro da Travessia foi contemplado por um Edital do Governo Brasileiro, que concedeu bolsas a um pequeno número de artistas profissionais da área teatral, das artes circenses e da dança. Esta bolsa, denominada “FUNARTE - Residência Artística” compreende um apoio financeiro a artistas ou grupos interessados em realizar pesquisas práticas e/ou teóricas dentro de em uma instituição de ensino ou mesmo junto com uma trupe estrangeira ou de outra localidade do país.


Nossa proposta consiste em desenvolver em 2011 um intercâmbio artístico entre o Brasil – representado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a trupe Teatro da Travessia – e a França – representada pela Universidade Paul-Válery Montpellier III e, especialmente por Philippe Goudard. A duração total das atividades será de oito meses, dos quais seis se passarão na França e dois no Brasil.

Especialmente em relação ao novo trabalho, o objetivo é proporcionar a troca de experiências e a análise das particularidades de criações ligadas às linguagens clownesca e narrativa. Com este projeto desejamos explorar: a importância do risco e a capacidade de improvisação; a criação no presente da cena; os jogos possíveis com os expectadores; o teatro como experiência para todos os envolvidos. Tudo isso, sem renunciar uma estrutura, uma preparação considerável ou a utilização de um texto literário.